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Obesidade e infertilidade

Obesidade e infertilidade

Postado em: 25 de fevereiro de 2015

O peso corporal saudável é uma vantagem importante em todos os aspectos da saúde, incluindo a saúde reprodutiva.

Novos estudos lançam luz sobre a relação entre obesidade e infertilidade.

Uma equipe de pesquisadores americanos – ligada ao Brigham and Women’s Hospital e ao Harvard Medical School – desenvolveu um estudo para estabelecer a ligação entre infertilidade e obesidade. Os cientistas examinaram a qualidade dos óvulos e embriões de mulheres com diferentes categorias de IMC. Comparadas às mulheres com IMC normal, aquelas com sobrepeso e obesidade apresentaram redução significativa do pico dos níveis de estradiol, menos oócitos e um número menor de embriões, a cada ciclo.

As participantes do estudo que apresentavam Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) associada à obesidade mórbida tiveram menores taxas de nascidos vivos e uma incidência 29% maior de óocitos imaturos, em comparação com aquelas com IMC normal.

“Já sabemos que o peso corporal saudável é uma vantagem importante em todos os aspectos da saúde, incluindo a saúde reprodutiva. O IMC pode afetar os resultados de uma FIV, pois interfere na qualidade do óvulo formado. Com mais estudos e informações nesta área, poderemos proporcionar um tratamento melhor aos nossos pacientes, cuja luta contra a infertilidade inclui também, hoje, em muitos casos, uma luta contra o sobrepeso e a obesidade “, defende o Prof. Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

Resultados abaixo do esperado

Um outro estudo, realizado pela Society for Assisted Reproductive Technology, buscou avaliar o efeito do aumento da obesidade feminina na resposta e nos resultados dos tratamentos envolvendo as técnicas de reprodução humana assistida. Para tanto, os pesquisadores analisaram dados de 158.385 ciclos de reprodução humana assistida, realizados entre 2007-08.

Em comparação com as mulheres com peso normal, as mulheres com sobrepeso e obesas apresentaram mais chances de cancelamento e anulação do ciclo – apesar de doses mais elevadas de hormônios estimulantes – devido à baixa resposta de seu organismo ao tratamento.

As probabilidades de falha do tratamento (ausência de gravidez) e de falha da gravidez (perda fetal ou óbito fetal) também aumentaram significativamente com o aumento do IMC: de 1,04 a 1,12% para mulheres com sobrepeso e de 1,50 a 2,23 % para mulheres com IMC ≥ 50,0, respectivamente.

“Os resultados do estudo indicam probabilidades significativamente maiores de cancelamento do ciclo e falhas no tratamento e na gravidez com o aumento da obesidade. Estes efeitos são maiores entre as mulheres obesas, mas também são significativamente mais elevados, mesmo entre as que apresentam sobrepeso”, destaca Joji Ueno.

Reprodução humana x estilo de vida

O estilo de vida é cada vez mais reconhecido como um fator determinante nos tratamentos de reprodução assistida, não só no que diz respeito à relação custo-benefício, mas também no que se refere aos riscos relacionados com o bem-estar e o futuro da criança a ser gerada.

Um artigo publicado, em 2010, pela ESHRE – Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia – analisa o impacto do estilo de vida e aponta como fatores, tais como obesidade, tabagismo e o excesso de consumo de álcool podem afetar o processo reprodutivo dos casais, daqueles que concebem naturalmente e dos que contam com o apoio dos procedimentos de reprodução humana assistida.

“O objetivo central dos autores de Lifestyle-related factors and access to medically assisted reproduction foi o de discutir se os tratamentos de fertilidade para casais obesos, tabagistas ou que abusam de álcool devem ser condicionados a mudanças prévias no estilo de vida dos pais”, destaca Joji Ueno.

Sobre o assunto, a ESHRE se posicionou da seguinte maneira:

• Em vista dos riscos para o futuro filho, os médicos não devem levar adiante tratamentos para fertilidade, quando se depararem com mulheres que costumam beber mais do que o usual e que não estão dispostas ou não são capazes de diminuir o consumo de álcool;

• Os dados disponíveis na literatura médica sugerem que a perda de peso tem um efeito positivo sobre a saúde reprodutiva. Para tratar mulheres com obesidade grave ou mórbida é necessária estabelecer mudanças de estilo de vida, antes da concepção, ou seja, é preciso emagrecer antes de tentar engravidar;

• O emprego das técnicas de reprodução assistida deve ser condicionado a mudanças no estilo de vida, se houver fortes indícios de que sem as modificações comportamentais haverá o risco de danos graves para a criança, ou, ainda, quando o tratamento tornar-se desproporcional em termos de custo-eficácia ou de riscos obstétricos;

• Ao decidir fazer um tratamento de reprodução assistida condicionado às modificações de estilo de vida, os médicos responsáveis devem auxiliar seus pacientes a atingir os resultados necessários;

• Mais dados sobre obesidade, tabagismo e consumo de álcool, bem como sobre outros fatores relacionados ao estilo de vida moderno são necessários para avaliar seus efeitos sobre o sistema reprodutivo. Os especialistas da área devem prosseguir na investigação deste tema.