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É possível reverter a laqueadura?

É possível reverter a laqueadura?

Postado em: 28 de agosto de 2017

Entenda mais sobre este procedimento que gera muitos questionamentos no consultório e as dúvidas a respeito.

“Dr. é possível reverter a laqueadura?” – Esta é uma das perguntas mais ouvidas pelo médico Joji Ueno, ao longo de seus mais de 20 anos de profissão. Antes de responder ao questionamento, o médico prefere fazer algumas considerações voltadas para as mulheres que ainda não se submeteram a este procedimento: “É preciso muito diálogo entre o casal e o profissional de saúde para que esta decisão seja consciente e autônoma.

laqueadura é um procedimento que apresenta apenas 50% de chances de sucesso em sua reversão. Em alguns casos, se realizada com cuidados microcirúrgicos, a laqueadura pode chegar a uma taxa de reversão com 70-80% de incidência de gravidez.

Mas são poucos os centros de saúde que contam com tecnologia e profissionais capacitados para realizar a reversão deste procedimento, o que dificulta o acesso a este tipo de tratamento. Antes de pensar em fazer a laqueadura é preciso buscar outros meios contraceptivos, como a pílula, o DIU ou os anticoncepcionais injetáveis”, avisa.

A experiência clínica também ensinou ao médico que a paciente que busca a reversão da laqueadura, na época da cirurgia, tinha pouca idade e pouca experiência de vida. “Geralmente, elas não imaginam que podem se casar novamente e que desejarão ter filhos com o novo parceiro. Outras não contavam que o crescimento dos filhos seria tão rápido e logo o lar estaria vazio. E há também as mães cujos filhos faleceram”, observa Joji Ueno.

E além das razões particulares, há também imposição do marido, dificuldades financeiras e outros problemas de saúde, que são variáveis que podem levar a mulher a operar. Planejamento familiar: direito assegurado por lei

Planejamento familiar: Direito assegurado por lei

A Constituição Federal assegura o direito ao planejamento familiar, que foi regulamentado pela Lei Nº 9.263, de 1996. Assim, é dever do Poder Público garantir às pessoas informações, meios, métodos e técnicas para regulação da sua fecundidade. A lei coloca como responsabilidade do Governo Federal a distribuição gratuita de métodos contraceptivos e a realização de procedimentos cirúrgicos, como a laqueadura e a vasectomia.

O acesso ao conhecimento faz parte do direito ao planejamento familiar, e é ele que permite uma escolha livre e consciente. No fim de maio, o Governo Federal apresentou na Escola Paulista de Medicina, em São Paulo, sua Política Nacional de Planejamento Familiar.

Entre as medidas que entrarão em vigor estão a inclusão da vasectomia na Política Nacional de Cirurgias Eletivas e a venda de anticoncepcionais com preços promocionais de até 90% nas farmácias e drogarias credenciadas no Programa Farmácia Popular do Brasil. Um dos objetivos da nova política é fazer com que a responsabilidade pelo planejamento familiar não fique centralizada apenas nas mãos das mulheres ou em uma cartela de pílulas anticoncepcionais. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de vasectomias já vem crescendo no País. De julho a novembro de 2005, foram realizados 6.298 desses procedimentos nas aproximadamente 570 instituições de saúde habilitadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O Brasil tem um dos maiores índices de laqueaduras do mundo, com 40% das mulheres em idade reprodutiva -de dez a 49 anos- esterilizadas, ao lado da Índia e China, segundo a Organização Mundial da Saúde, (OMS). Nos Estados Unidos, esse índice é de 20% e na França, de 6 %. Tecnicamente, a laqueadura é um método definitivo de contracepção, realizado pela obstrução da tuba, que liga os ovários ao útero. Existem cerca de dez técnicas para a realização da cirurgia: “Queimar as trompas e cortá-las, colocar anéis de plástico ou clipes de titânio, ou mesmo fazer com fio de sutura”, explica Joji Ueno.

“A laqueadura só é recomendada sem restrições para mulheres com problemas de saúde, tais como diabetes descompensada, histórico de eclampsia e pressão alta. Métodos definitivos devem ser usados como última escolha, quando a gravidez implica em risco de vida”, informa o Joji Ueno, diretor da Clínica GERA.

A reversão

A reversão da laqueadura, a salpingoplastia, é um procedimento mais complexo e poucos serviços do SUS o oferecem. Pode ser realizada por anastomose tubária microcirúrgica, via laparotomia ou via laparoscopia. “Quanto mais jovem a mulher esterilizada procurar pela reversão, maior é a probabilidade de ela vir a engravidar no futuro, e quanto menor o tempo de esterilidade, maior é a chance dela engravidar”, afirma Joji Ueno. O grau de reversibilidade varia de acordo com a lesão que a técnica cirúrgica causou. Laqueaduras feitas com anel plástico ou clipes de titânio são mais fáceis de reverter. Para as pacientes que foram submetidas à salpingectomia (retirada das trompas), a reversão é impossível.

“Após a reversão tubária, em média, as mulheres demoram de 6 meses a um ano para conseguir engravidar, caso a recanalização seja bem sucedida”, informa Joji Ueno, coordenador do Curso Teórico-Prático de Reprodução Humana Assistida, oferecido pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de São Paulo. Mas o sucesso da cirurgia, observa o médico, relaciona-se com vários outros fatores:

  • o comprimento e a vitalidade dos segmentos de trompas a serem unidos;
  • a habilidade do microcirurgião;
  • a idade da mulher no momento da cirurgia para reversão;
  • o método utilizado para laqueadura tubária;
  • quantidade de tecido de cicatrização na região da cirurgia;
  • qualidade do espermograma do parceiro e presença de outros fatores de infertilidade.

Após uma reversão de laqueadura tubária, o risco de uma gestação ectópica – gestação que ocorre na própria trompa – aumenta de 1 em 100 para 5 em 100 gestações. O que significa que a cada 100 gestações, cinco poderão ser ectópicas. “Quando as trompas reconstituídas não recuperam a função, a alternativa de tratamento seria a reprodução assistida por meio de técnicas de fertilização in vitro e transferência de embriões”, diz Ueno.

A reversão da laqueadura tubária deve ser considerada como uma opção adequada na busca de novas gestações para mulheres mais jovens (<35 anos), sem qualquer outro fator de infertilidade além da laqueadura. As pacientes com mau prognóstico ou com idade mais avançada devem ser encaminhadas aos programas de fertilização in vitro. “Tal posição é compartilhada em grandes centros de reprodução humana em países desenvolvidos, onde ambos os procedimentos são igualmente oferecidos”, afirma o diretor da Clínica GERA.